08 março 2012

O Remexido n’A Brasileira de Prazins
















Cena das lutas liberais no Algarve

“Em 1836 apareceu no Algarve a poderosa guerrilha de José Joaquim de Sousa Reis, o Remexido, em São Bartolomeu de Messines.”…

“José Joaquim, o Remexido, era um bem figurado homem de trinta e oito anos. Nascera em Estômbar, estudara para clérigo no seminário de Faro, e distinguira-se em perspicácia e subtileza na percepção das teologias. O amor inutilizou-lhe o talento aplicado a um pacífico e humaníssimo destino. Viu uma esbelta moça de São Bartolomeu de Messines quando aí foi pregar um sermão, sendo minorista. As serenas visões do levita deslumbrou-lhas a formosa algarvia. Não hesitou entre o amor da humanidade e o culto egoísta da família. Casou, e de homem estudioso e contemplativo, volveu-se lavrador, lidou rudemente nas searas, e redobrou de esforços à proporção que os filhos lhe multiplicavam o amor e os cuidados.

Insensivelmente compenetrou-se da paixão política. Nesta província, onde em 1808 estalou o primeiro grito contra o domínio francês, a liberdade proclamada em 1820 abriu um abismo entre duas facções que por espaço de dezoito anos se despedaçaram. José Joaquim de Sousa Reis alistou-se entre a clerezia de quem recebera as boas e as más ideias, e manifestou-se em 1823 um ardente sectário das más, perseguindo os afeiçoados à revolução do Porto. Em 1826 emigrou para Espanha, e voltando em 1828 extremou-se entre os aclamadores do rei absoluto. Daí em diante, receoso das retaliações, não teve mais uma hora de remansoso contentamento nem abriu mão da espada tão afoita quanto cruel.”

Após a Convenção de Évora-Monte, em 1834, foi perseguido e a sua família ameaçada pelos vitoriosos liberais, o que o levou a desencadear uma luta de guerrilha que culminou com a sua prisão, julgamento e fuzilamento em 1838.

Diversos crimes foram cometidos em seu nome e rapidamente se tornou uma lenda de temor que se espalhou até ao Alentejo. Contudo, estudos recentes parecem ilibá-lo de tais crimes e acções ignominiosas


3 comentários:

Manuel Nunes disse...

Gostei. Uma figura histórica, talvez (que sei eu?) mal estudada.
Uma messinense remexida a puxar pelos seus.

Maria Amélia disse...

Lá que esse Remexido me atemorizou a infância, não nego! Há na igreja de SBM uma pedra, se não me engano, da pia baptismal, cheia de falhas,que a lenda conta serem o resultado de certas atrocidades do dito ou do seu bando... Vai lá a gente perceber bem o que poderá ter acontecido, numa tão conturbada época! Ilibado é que eu duvido que ele saia, seja de que estudo for!

Custódia C. disse...

Eu até lhe encontro ...um certo não sei quê de romântico ...