A Alexandre O´Neill
Sigamos o cherne, minha Amiga!
Desçamos ao fundo do desejo (...)
Do livro No Reino da Dinamarca (1958)
Sigamos a lampreia, meus amigos,
esse improvável peixe de misteriosas hidrografias,
de secretos rios que se entregam a outros riosna jusante do sexo rubro das águas: afluentes
do sonho e do contentamento contra o abismo
incolor dos dias comuns. Sigamo-la, pois,
já que aqui estamos rendidos ao seu perfil
silencioso, dispostos a aceitar
que subiremos as veias de água
dolorosamente talhadas no corpo da terra,
cursos líquidos do infinito desejo,
com a naturalidade
de quem se entrega para morrer e renascernos açudes do amor.
JOSÉ RAFAEL
C. Bode, q.-f. c., 25 de Fevereiro de 2004
(Poema dito em 23 de Março de 2012 depois de um jantar de lampreia com vários elementos da Comunidade.)
Sem comentários:
Enviar um comentário