É a história de um fã
– como se diz hoje em linguagem informal – de romances policiais. Não lia,
devorava os romances, desejoso de chegar ao fim e conhecer o verdadeiro
assassino da pobre vítima entre as hipóteses avançadas ao longo do livro.
Tendo como profissão a
de maquinista do metropolitano e sendo tão grande a sua paixão pela leitura,
começou a levar os livros para o comboio, lendo-os sobre o tablier enquanto
efectuava as manobras de condução.
Claro que a coisa deu
mau resultado: não houve propriamente um acidente grave, mas falhas na
informação que pelos altifalantes deveria ser prestada aos passageiros sobre a
passagem pelas diversas estações da linha. Um passageiro percebeu a razão da
sua distração, fez queixa, e o bom do leitor-maquinista foi despedido.
Vem então o mais curioso:
absorvido pela necessidade de procurar emprego, passou apenas a ler anúncios de
jornal, não sendo capaz de voltar aos seus amados romances.
Moral da história:
para ler, temos de ter serenidade, temos de nos sentir bem connosco e com os
que nos rodeiam. A leitura não é uma terapia (para ajuda procurem os
psicólogos ou os bruxos), antes um exercício de pessoas saudáveis que estão bem
com a vida.
Pode haver quem pense o contrário. Há até mediadores de grupos de leitura que ufanamente se autoproclamam biblioterapeutas. Palavra estranha, não é? Mas eles lá saberão porque o dizem.
1 comentário:
Pode dar uma boa discussão: a leitura, pode ou não ser terapêutica?
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