«Talvez não haja
outros dias da nossa infância que tenhamos vivido tão intensamente como esses
que cremos ter deixado sem os viver, esses que passámos com um livro
preferido».
Esta é a abertura do
texto Sobre a Leitura, de Marcel
Proust. O autor das memórias de Combray com os passeios pelos lados de
Méséglise e Guermantes (Em Busca do Tempo
Perdido), expressa-nos neste livrinho de 70 páginas aquilo que a leitura
pode dar – de prazer e de renúncia a outros prazeres – a quem,
permanecendo neste mundo, quer descobrir os mundos possíveis que se desdobram
triunfantes – umas vezes belos, outras aterradores – perante os prodígios da
imaginação.
O jovem leitor que
associamos a Marcel Proust aproveitava todos os momentos que lhe eram
permitidos para se isolar e se entregar à leitura, sendo por vezes admoestado
por se fechar no seu quarto, evitando os passeios e os convívios familiares.
A leitura é normalmente um acto de isolamento, de solidão. Por isso admiro os que conseguem ler nos transportes públicos – frequentemente lotados e ruidosos –, demonstrando uma capacidade acrescida de permanecerem sozinhos no meio de tantos. Estes serão talvez uns superleitores adaptados à velocidade e escassez de tempo dos nossos dias. Honra lhes seja feita, bem os conheço!
1 comentário:
Já fui leitora de ler em qualquer ambiente, independentemente do ruído ou das multidões. Hoje preciso de lugares mais recatados :)
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