Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
FERNANDO PESSOA, Poesias, Edições Ática
4 comentários:
Este poema deve ter sido escrito num dia glacial de Dezembro!
O raio do homem era glacial por fora mas tórrido por dentro.
Manuel: seria mesmo? Digo, tórrido, em que sentido? Ou que personalidade nele?
Pois, era quente da cabeça e frio dos pés. Deu no que deu :)
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