«Não serão as próprias fúrias que atormentam
os nossos oradores? Oiçam como gritam: «Estas feridas, foi pela liberdade comum
que as recebi. Este olho, foi por vós que o sacrifiquei. Dai-me um guia que me
conduza aos meu filhos pois os meus jarretes golpeados já não conseguem sustentar-me.»
Tal ênfase poderia ainda ser tolerável se acaso abrisse aos seus alunos a
estrada da eloquência. Mas todos estes empolgados temas, todo este ronronar de
frases ocas, para que servem afinal? Os jovens, assim que se estreiam no
tribunal, julgam-se transportados a um outro mundo. Para dizer tudo o que
penso, aquilo que torna os nossos estudantes em outros tantos mestres imbecis é
que, de tudo o que vêem e ouvem nas aulas, nada lhes oferece a verdadeira
imagem da vida. (…)»
(PETRÓNIO, Satiricon, Lisboa, Editorial Presença, 1969, p. 7.)
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