29 março 2013

UM CLÁSSICO EM ABRIL

«Não serão as próprias fúrias que atormentam os nossos oradores? Oiçam como gritam: «Estas feridas, foi pela liberdade comum que as recebi. Este olho, foi por vós que o sacrifiquei. Dai-me um guia que me conduza aos meu filhos pois os meus jarretes golpeados já não conseguem sustentar-me.» Tal ênfase poderia ainda ser tolerável se acaso abrisse aos seus alunos a estrada da eloquência. Mas todos estes empolgados temas, todo este ronronar de frases ocas, para que servem afinal? Os jovens, assim que se estreiam no tribunal, julgam-se transportados a um outro mundo. Para dizer tudo o que penso, aquilo que torna os nossos estudantes em outros tantos mestres imbecis é que, de tudo o que vêem e ouvem nas aulas, nada lhes oferece a verdadeira imagem da vida. (…)»
 

(PETRÓNIO, Satiricon, Lisboa, Editorial Presença, 1969, p. 7.)


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