24 abril 2014

AI O DESTINO DAS FLORES

 
(...) deixe-se ficar Baltasar onde está, a ver passar a procissão, os pajens, os cantores, os cubiculários, os dois tenentes da guarda real, um, dois, com prima farda, diríamos hoje de gala, e a cruz patriarcal levando ao lado as virgas rubras, os capelães de varas levantadas e molhos de cravos nas pontas delas, ai o destino das flores, um dia as meterão nos canos das espingardas, (...)

JOSÉ SARAMAGO, Memorial do Convento, 53ª edição, Lisboa, Caminho, 2013, p. 210.

1 comentário:

Custódia C. disse...

Adoro o detalhe profético :)