Dando início a um novo ciclo, desta feita conduzidos, não já pela peregrinação de Oríon no firmamento, mas por outros astros, tendo esta leitura em comum com a anterior o facto de nos remeter para dimensões que vão para além da História. Dimensões que, na realidade, vão para além de nós mesmos, e assim nos ampliam, ao infinito do possível essencial, da vida e da morte.
Ficamos com Saramago, para já:
“A minha ideia, quando concebi o Memorial do
Convento estava limitada à construção do convento e é depois que verifico que
nessa mesma época um padre tinha a ideia de fazer uma máquina de voar. Então
este facto modificou-o completamente… A partir daí, o romance tinha que ser diferente,
completamente diferente. E toda a oposição entre o que cai e o que sobe, entre o
pesado e o leve, o que quer voar e o que impede que voe; toda essa relação
entre liberdade e autoridade, entre invenção e convenção, ganha uma dimensão
que antes não estava nos meus propósitos e que modifica completamente o
romance. Com essa figura que está entre os dois mundos, o que significa que
está num terceiro, o mundo mais próximo da natureza, isto é, do ser natural, se
é que existe. Acho que não existe. Todos somos seres culturais, por um olhar,
por um entendimento, conseguimos ir mais fundo que a superfície das coisas. E isso,
esse aspecto complexo, é o que impede que o Memorial seja lido em linha recta,
porque exige constantemente outras leituras e outras interpretações.”
José Saramago
1 comentário:
"... é o que impede que o Memorial seja lido em linha recta, porque exige constantemente outras leituras e outras interpretações".
É que é mesmo isto...
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