24 maio 2011

"Eurico o Presbítero" - 27 de Maio às 21h00

LIMA DE FREITAS, painel de azulejos na Estação dos Caminhos de Ferro do Rossio. Evocação esotérica dum episódio de "Eurico, o Presbítero".

Há livros a que sempre voltamos, nem que seja para nos certificarmos de como estávamos errados naqueles tempos antigos em que lhes torcíamos o nariz. Eram as grandes secas dos programas escolares, os trechos das selectas literárias dissecados perante os mestres como se fossem partes de cadáveres numa mesa de anatomia.
Herculano disse de “Eurico” que não sabia como classificar o seu livro: romance histórico, lenda, ou crónica-poema. Tampouco isso o preocupava. O Romantismo foi um período de rupturas, de miscigenação dos géneros literários, de liberdade e libertação da linguagem poética. “Eurico” é um poema em prosa, dos mais belos livros que já se escreveram em língua portuguesa. Reli-o entre sábado e o dia de hoje, e não me saem dos olhos o povoado de Carteia, a sombra escura do Calpe, os alcantis dos Montes Cantábricos. Ler é encher os olhos de imagens, é viajar no espaço e no tempo.


Manuel Nunes... Dali para aqui ...

7 comentários:

Manuel José disse...

Obrigado, Custódia. Já resolveremos o nosso problema técnico... Entretando, deixemos os leitores com o "Eurico". Eu só digo bem do livro, mas aquilo não é pera doce. Não é, não.

Custódia C. disse...

Pois .. eu e mais alguém já percebemos isso mesmo! De pera (ou outra fruta qualquer) doce, não tem nada mesmo :)
Mas o teu texto animou-nos a continuar a leitura :)

Maria Amélia disse...

Pela minha parte, depois de vários dias a adormecer no meio de penhascos, consumida pelos amores impossíveis do Presbítero, acordando de madrugada no meio de batalhas, numa nuvem de setas, sinto-me à beira de uma depressão induzida por tantas trevas. Heroicamente proclamo para mim mesma: venham mais páginas, a luta continua, para estes leitores indómitos!

Joca disse...

Acabei de ler o livro a mata-cavalos; não sobrou mesmo nenhum. Eurico morreu a pé. Não sei se foi de maldição dos tempos de escola, se maiores gostos por obras menos trágicas, se foi dos comprimidos, mas ia ficando quase deprimida com tanta negação de tudo. Sim, Herculano bem podia dizer que "O Eurico sou eu!", mas eu, que não sou ninguém, não tenha nada de Eurico. A culpa, isso sei, foi do Tarique. :)

Maria Amélia disse...

Tudo muito bem observado!
Eu é que tenho o defeito pavoroso de não conseguir fazer praticamente nada a mata-cavalos, ainda por cima aqueles ginetes lusitanos e árabes eram das melhores raças, é ver como se comportavam na batalha! Vai lá matá-los!

Manuel disse...

Coitadas das monjas do Mosteiro da Virgem Dolorosa! Não havia necessidade...

Maria Amélia disse...

Opções, acho eu, à maneira da radicalidade matiriológica. Pelo menos fica a impressão de que, com este modelo de atitude, já não aconteceria hoje. Mas agora reparo: para alguém que já leu e releu a narrativa, esta é uma cena que revisita?... Pressinto que estou a cair numa armadilha... Calo-me.