16 maio 2011

Um passeio de Domingo … que começou no Sábado (1)

Há convites que são irrecusáveis e assim lá estivemos no Sábado à descoberta de José Régio, dos seus leitores e não só. Bem recebidos pelo Grupo de Leitores de Portalegre, a quem renovamos o nosso obrigado, muito temos para contar.
Vamos a isso, companheiros?
Deixo como mote a frase do nosso João: “ler é saber afagar um livro, é saber festejar um livro!”


Alguns registos do nosso encontro.

4 comentários:

Maria Amélia disse...

Ler é saber afagar um livro, é saber festejar um livro!

Afagar e festejar, amizade e celebração, ler!
Ler é então entrar em relação com alguma coisa, com alguém e, nessa exacta medida, relacionar-se também consigo mesmo. Quem lê agarra assim a possibilidade de se conhecer melhor a si mesmo, cumprindo um dever, digamos, social. Porque quem se conhece aprende a fazer auto avaliação: sabe quando falar, ouvir, calar ou adiar uma intervenção; torna-se mais capaz de si mesmo e das situações. Mas também se torna melhor ouvinte, porque há sempre um puzzle por completar e ouvir o outro é tão preciso como pensar sozinho.
Lendo aprende-se melhor o valor do silêncio, sobretudo o silêncio interior, que se faz e cultiva para ouvir apenas a voz da leitura pela voz de quem lê.
O hábito, (também apelidado de vício ou compulsão pela reacção), a veneração da leitura, podem conferir saber e conhecimento; mas, sobretudo, podem dar a cada um a ideia da dimensão da sua ignorância, pois quem conhece alguma coisa apercebe do mesmo passo a vastidão do que nunca poderá abarcar, um mundo de livros fantásticos, uma vertigem de conhecimentos, de experiências e aventuras. (Para quem lê, entrar numa biblioteca é ficar doente).
Às vezes tenho pena dos livros, daqueles que atravessaram o tempo sem encontrar espaço— sem terem sido afagados, ou festejados— porque nunca foram editados, ou, tendo-o sido, passaram despercebidos (quem sabe se alguns não seriam obras de arte?).
Alguns livros bailaram por muito tempo na imaginação do escritor, ou do candidato a escritor, mas alguma coisa o impediu de nascer (escrever um livro e vê-lo sair do prelo deve corresponder a uma sensação idêntica à da mãe que dá à luz um filho); o livro é um filho que o escritor põe no mundo e, se os deuses lhe forem propícios, há-de crescer e transformar-se, não de forma material, mas virtual (não menos real por isso), pelas mãos dos intelectos leitores que o afagam, pela festa hermenêutica variada, colorida, desviada, que lhe hão-de dar outras asas, por isso outros voos, outras, desconhecidas e, por vezes insondáveis, ressonâncias... Agora imagine-se o que é na realidade um livro assim, lido, relido por gerações, a diferentes luzes, individuais e de contexto social e histórico, festejado enfim! Digo-vos que já não é um livro, senão um imenso caleidoscópio de livros, que se projecta no infinito do espaço, que ilumina o Além-Livro!

Dedico esta intempestiva prosa (que pretende ser glosa) aos meus queridos amigos, João e Manuel.

manolo josep disse...

Bela sequência.
Gosto do sorriso da menina de azul perante a performance do homem da mala.

Mª José (Zé) disse...

Uma tarde de grande interesse mesmo para quem não faz parte de nenhuma das comunidades de leitores e não conhecia os textos.

Maria Amélia disse...

Para a Zé, o voto de que deseje fazer parte, para ainda melhor entender e completar-nos: esperamos por ti!