Camões na
prisão de Goa em 1556, segundo pintura anónima de que já se disse ser um
auto-retrato. Episódio não totalmente
esclarecido da sua vida, não foi a última vez que sofreu perseguição e castigo
judicial. Retornando sob prisão de Macau, cerca de 1565, acusado de crimes que
hoje denominaríamos de “colarinho branco”, naufraga na foz do rio Mecom,
Camboja.
Este receberá, plácido e brando,
No seu regaço o Canto que molhado
Vem do naufrágio triste e miserando,
Dos procelosos baxos escapado,
Das fomes, dos perigos grandes,
quando
Será o injusto mando executado
Naquele cuja Lira sonorosa
Será mais afamada que ditosa.
X, 128
8 comentários:
Pensarmos nós que desta estrofe doutamente se deduziu que o náufrago tinha conseguido, a custo, salvar o manuscrito--ainda me lembro de umas gravuras patuscas em que o dito, já com os atributos que o distinguem, a coroa de louros e a venda no olho, aparecia no meio das ondas, a nadar um crawl muito assimétrico, segurando numa das mãos, a livrar do húmido elemento, o famoso rolo! Ou sonhei?
Então sonhámos as duas Maria Amélia :)
O sonho comanda a vida, e sempre que um homem sonha (aliás, uma mulher)o mundo pula e avança, etc., etc., etc.
Oh Sr Adamastor: não devia escrever antes, "atual" Camboja? Ou já tinha esse nome?
L...indinha:
É o Épico que diz, estrofe 127 do Canto Décimo,
"Vês, passa por Camboja Mecom rio,/
Que «capitão das águas» se interpreta;"
Quanto à interjeição "Oh", sempre lhe digo o seguinte: - se exprime surpresa, está bem escrito; se pretende exprimir um chamamento ou uma interpelação então devia ter usado "ó".
E para remate:
"Ó Ninfa, a mais fermosa do Oceano, / Já que a minha presença não te agrada, / Que te custava ter-me neste engano,/Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada"
(V, 57)
Ui ... melhor mesmo é que não se metam com o Adamastor ... embora ele tenha mais fama que proveito ou seja um aspecto feroz, mas um interior eternamente apaixonado pela sua Tétis!
Uns são por Inês, outros por Adamastor. Valha-nos a bela Citereia e o menino das flechas.
:)
É verdade: o Sr Adamastor adiantou-se, pois era meu propósito vir corrigir a Laurindinha, coitada, que não tinha atentado bem no poema! Lá está, com efeito, a referência clara a Camboja! Quanto a calinadas gramaticais e outras, dê-lhe forte, companheiro, que esta iliteracia merece.
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