24 janeiro 2020

BESTIÁRIO DE "A SELVA" (4)

O pirarucu, denominado “bacalhau da Amazónia”, é um peixe da bacia do Amazonas e de outros rios do Brasil. Em A Selva, faz parte da dieta dos seringueiros, como se pode ver no Capítulo IV: «Mas com os “brabos”, ignorantes do que era e não era indispensável, Juca Tristão (…) organizava a lista do aviamento: o boião para defumar, a bacia para o látex, o galão, o machadinho, as tigelinhas de folha, todos os utensílios que a extracção da borracha exigia – e mais um quilo de pirarucu e uns litros de farinha (…)».
Se se lembram de Seara Vermelha, de Jorge Amado, este peixe abundante era dado aos retirantes cearenses quando, depois de ultrapassada a inóspita caatinga, viajavam de barco no rio São Lourenço rumo a Pirapora e às promissoras lavouras de café em São Paulo. A fome transformava-se em fartura: pirarucu cozido, arroz e pirão feito com o caldo gordo do peixe. A comida forte em corpos fracos originava desinterias e mortes. 

2 comentários:

Maria Amélia disse...

ESPETACULAR!É exatamente do que precisamos, a continuar... Obrigada!

Custódia C. disse...

Foi uma das frases que me ficou de Seara Vermelha, de tão triste ironia " A comida forte em corpos fracos originava desinterias e mortes"