O pirarucu, denominado “bacalhau da
Amazónia”, é um peixe da bacia do Amazonas e de outros rios do Brasil. Em A Selva, faz parte da dieta dos seringueiros, como se pode ver no Capítulo IV: «Mas
com os “brabos”, ignorantes do que era e não era indispensável, Juca Tristão (…)
organizava a lista do aviamento: o boião para defumar, a bacia para o látex, o
galão, o machadinho, as tigelinhas de folha, todos os utensílios que a
extracção da borracha exigia – e mais um quilo de pirarucu e uns litros de
farinha (…)».
Se se lembram de Seara Vermelha, de Jorge Amado, este peixe abundante era dado aos retirantes
cearenses quando, depois de ultrapassada a inóspita caatinga, viajavam de barco
no rio São Lourenço rumo a Pirapora e às promissoras lavouras de café em São
Paulo. A fome transformava-se em fartura: pirarucu cozido, arroz e pirão feito com o caldo gordo do peixe. A comida forte em corpos fracos originava
desinterias e mortes.
2 comentários:
ESPETACULAR!É exatamente do que precisamos, a continuar... Obrigada!
Foi uma das frases que me ficou de Seara Vermelha, de tão triste ironia " A comida forte em corpos fracos originava desinterias e mortes"
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