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“ALÍPIO SEVERO ABRANHOS
nasceu no ano de 1826, em Penafiel, no dia de Natal. A Providência, por um
símbolo subtil e engenhoso, fez nascer no dia sagrado em que nasceu Jesus de
Nazaré, aquele que em Portugal devia ser o mais forte pilar e o procurador mais
eloquente da Igreja, dos seus interesses e do seu reino.
Muitas vezes o Conde se
comprazia em contar que, nessa noite de 24 de Dezembro de 1826, Inverno que
ficou na história pelas grandes neves que caíram, seus pais – segundo a
tradição venerada na família – tinham armado um presépio, como era costume
nesses tempos em que a boa fé portuguesa amava a piedosa devoção dos altares
íntimos. Ao centro do presépio, florido de muita verdura, entre os animais da
narração evangélica, o Menino Jesus sorria, nos braços de uma Virgem, obra
delicadamente trabalhada por Antão Serrano, o grande santeiro de Amarante. Em
torno, ardiam as velas de cera; na cozinha, cantavam nas frigideiras os rojões
da ceia; o lume de lenha húmida estalava jovialmente, e fora, na neve que caía,
os sinos repicavam para a missa do Galo – quando a mãe do Conde, subitamente
Sentiu o tenro ser...
como diz o nosso grande
lírico no seu poema, A Mãe…"
in “O Conde d’Abranhos” de
Eça de Queiroz
Em Abril, continuaremos certamente sem nos podermos encontrar. Que isso não nos impeça, de ler o livro agendado para este mês!
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