No dia do aniversário, a mãezinha
bebeu uma pinga. Tudo por causa do frustrado passeio a Benfica (ou seria à praia?)
com a merenda já dentro do cabaz e o pai Augusto apoquentado com a chegada de
um vapor com que não contava. O passeio em risco, o passeio em águas de
bacalhau, ide vós que eu fico no hotel amarrado ao trabalho. Vão os quatro (a mãezinha e os três manos)
para a beira do Tejo. A garrafinha de vinho era para o pai, mas veio mesmo a
calhar para afogar a mágoa. Ó mar, tu és um
leão, declamava a progenitora para o Tejo que não chegava aos calcanhares
do mar autêntico. Primeiro verso da quadra popular
Ó mar, tu és um leão
Tudo queres comer,
Quem sabe, no teu cantar,
As coisas que queres dizer?
- Coligida no Cancioneiro Popular Português, de José Leite de Vasconcellos.
--- A Escola do Paraíso, Capítulo 7 – O Vestido Cor de Ervilha
Seca.
1 comentário:
O dia, que tudo tinha para ser agradavelmente memorável (até o vestido cor de ervilha seca), transformou-se numa agonia lenta.
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