13 abril 2019

O PARAÍSO PERDIDO (2)

No dia do aniversário, a mãezinha bebeu uma pinga. Tudo por causa do frustrado passeio a Benfica (ou seria à praia?) com a merenda já dentro do cabaz e o pai Augusto apoquentado com a chegada de um vapor com que não contava. O passeio em risco, o passeio em águas de bacalhau, ide vós que eu fico no hotel amarrado ao trabalho.  Vão os quatro (a mãezinha e os três manos) para a beira do Tejo. A garrafinha de vinho era para o pai, mas veio mesmo a calhar para afogar a mágoa. Ó mar, tu és um leão, declamava a progenitora para o Tejo que não chegava aos calcanhares do mar autêntico. Primeiro verso da quadra popular
Ó mar, tu és um leão
Tudo queres comer,
Quem sabe, no teu cantar,
As coisas que queres dizer?
- Coligida no Cancioneiro Popular Português, de José Leite de Vasconcellos.
--- A Escola do Paraíso, Capítulo 7 – O Vestido Cor de Ervilha Seca.
 

1 comentário:

Custódia C. disse...

O dia, que tudo tinha para ser agradavelmente memorável (até o vestido cor de ervilha seca), transformou-se numa agonia lenta.