19 abril 2019

O PARAÍSO PERDIDO (7)

 
O Regicídio, 1 de Fevereiro de 1908. Dona Leonor de Medanha e Serrano (talassa, como bem intuiu o pequeno Gabriel) ficou arrasada: « - Que desgraça, que grande desgraça! Nem quero ver ninguém... Esta nação está amaldiçoada! Maçons, carbonários, e aquele assassino do João Franco! Sua majestade a rainha... e agora o Dom Manuel, coitadinho, uma criança a governar esta piolheira... Que vai ser disto, que vai ser de todos nós? E que fazem os ingleses? Porque é que esses traficantes não mandam cá dois cruzadores para arrasar isto, meter esta choldra nos eixos , fuzilar a canalha? Porquê? Isto só vai com uma intervenção estrangeira» Na Quarta Parte da narrativa conta-se a história desta Dona Leonor e dos vínculos que prendiam a menina Adélia à sua importante pessoa. O plangente discurso da senhora tem lugar numa casa ao Largo do Pelourinho cuja entrada, se bem se percebe, era feita pela Calçada de S. Francisco, atravessada pelo passadiço do desaparecido elevador da Biblioteca (terceira imagem). Na segunda imagem pode ver-se o Largo do Pelourinho, erguendo-se atrás dos edifícios, a partir do largo contíguo de São Julião, a estrutura do elevador (Cap. 19 - Bolacha «Marselhesa»).

4 comentários:

Bia disse...

Já passei por este capítulo e também procurei o elevador da Biblioteca. Já não existe. Também era chamado de de S. Julião ou do Município.
E... "meter esta choldra nos eixos…", a fazer lembrar o Eça.
Fique sem saber o que é "... nome de um dredentante inglês". JRM diz que ainda não se sabia bem como escrever esta palavra nova. Pág. 188.

Manuel Nunes disse...

Olá, Bia, também topei com essa palavra, mas já não sei em que capítulo está. O nº de página não serve, a minha edição é outra.

Manuel Nunes disse...

Bia, fui ver ao capítulo que indicou: 22 - A noite da Falperra. O narrador refere-se a um navio de guerra inglês, o H.M.S. Redoubtable, lançado ao mar em 1906, do tipo "dreadnought", um navio encouraçado e com grande poder de fogo. Deve ter sido a partir daquela palavra inglesa que surge o neologismo "dredentante". Note-se, porém, que é Santiago que assim o chama. («É o nome de um dredentante inglês, segundo Santiago, etc.). Logo, o mano de Gabriel pode não ter encontrado a palavra portuguesa certa. :)

Manuel Nunes disse...

Sobre o tipo de navio e o seu poder de guerra, pesquisar no Google - palavra "dreadnought".