21 abril 2019

O PARAÍSO PERDIDO (8)

No Cap. 23 a família de Gabriel muda-se para uma nova casa na Quinta da Charca, perto da igreja de Nossa Senhora dos Anjos. Nova mudança justificada pela exiguidade dos cómodos de São Gens e pela proximidade do colégio dos filhos. « Não houve pois remédio senão mudarem-se para mais perto do Colégio, aquele estirão! Era um segundo andar também, com três janelas para a rua e outras tantas para um desafogo ao lado, mas amplo e bem dividido. E a Vista linda! Lá estava Lisboa, sempre diante dos olhos, agora em novas perspectivas: lavada e soalhenta, branca e rosada, com rasgões de céu azul por cima!» Foi nesta zona da Quinta da Charca, ali com o Monte Agudo ao pé, que nos anos vinte se começou a construir o Bairro das Colónias, " Um bairro Art Déco e Modernista" como  pode ser lido no blogue que lhe é dedicado. Chega-se lá, no Google, a partir de uma simples pesquisa.
=Fotos de 20-4-2019=

3 comentários:

Maria Amélia disse...

Igreja dos Anjos, que na época estaria em vias de ser demolida (1908)para construção da Avenida D. Amélia, pois situava-se no Regueirão dos Anjos. Foi logo a seguir reerguida no local onde a vemos hoje, com projeto de José Luís Monteiro, recuperando a proporção da antiga igreja, bem como todo o interior barroco, estilo nacional (que conjuga a talha dourada com silhares de azulejo).
A igreja primitiva e que JRM deve ter ainda visto, datava do século XVII e, embora arruinada pelo terramoto, foi reconstruída logo a seguir.
Das obras de arte existentes no interior, destaco uma pintura anónima representando Santa Irene sarando as feridas de S. Sebastião (isto porque bastas vezes deparámos com estas duas figuras).
Se por acaso chegarmos a combinar um itinerário por esta Lisboa, gostava muito de visitar este interior, o qual chegámos a vislumbrar num dos nossos (saudosos) passeios.
Fotos da antiga igreja em: https://paixaoporlisboa.blogs.sapo.pt/a-antiga-igreja-dos-anjos-85112

Manuel Nunes disse...

Em 1908, à data do Regicídio, a família de Gabriel ainda morava em São Gens. E ainda ali deve ter ficado por mais uns tempos. A mudança para a Charca poderá ter ocorrido em 1909, ou até na primeira metade de 1910, quando os pequenos se preparavam para frequentar o novo colégio. Já na Charca, daquela vez que Gabriel vai ao Bairro dos Açores, há referências à Avenida Dona Amélia (Cap. 23, Meninos no Wild-West), sinal, talvez, de que a mesma já estaria totalmente construída. De acordo com as fontes citadas pela Amélia (não a rainha, claro), a velha igreja começou a ser demolida em 1908, mas também li que já em 1907 se iniciara a transferência do seu recheio para a nova igreja, embora esta só tenha sido inaugurada em 1911. Portanto, a associação entre a vida na Charca e a existência da nova igreja (edificada, mas ainda não inaugurada) não parece impossível ainda antes do 5 de Outubro. ------ De qualquer maneira, não ligar muito a estes mimos elocutórios, há coisas mais interessantes no livro :) :) :)

Maria Amélia disse...

Parece-me uma boa "fita" cronológica. Muitos pormenores devem existir para contar, ou já contados algures, sei lá. Por mim, para já, estou a ficar satisfeita com o que nos tem sido dado a conhecer, agradecendo sobretudo ao Manuel. E sim...organiza um itinerário, "eu também quero ir"!