PEDRO MALAZARTE EM JUBIABÁ Pedro Malas-Artes, Malasartes ou Malazarte é figura tradicional dos contos populares da Península Ibérica, sendo daqui levado para o Brasil. A personagem tem como características a astúcia e a falta de escrúpulos, a inesgotável capacidade de forjar expedientes e enganos. A conhecida história da sopa da pedra – a esperteza de conseguir os ingredientes para uma boa sopa a partir de uma simples pedra, falso ingrediente – é originariamente atribuída a esta figura. A sua fama, de resto, remonta ao período das cantigas galaico-portuguesas, estando presente numa delas compilada no Cancioneiro da Vaticana: Chegou Paio de maas artes com seu cerome de Chartres e non leeu el nas partes que chegasse ha ~uu mês e do l~ues ao martes foi comendador d´Ocrés. Não me peçam para traduzir, mas dá para perceber a ideia: chega a certo lugar na sua condição de zé-ninguém e faz-se passar por «comendador d´Ocrés». Ocrés é a grafia da época para Uclés, vila de Cuenca (Castela) onde ficava a sede da Ordem se Santiago. Avalie-se assim a importância que enganosamente a si se atribuía. O Gordo, grande contador de histórias, via no homem calvo presente na sessão de macumba de Pai Jubiabá o próprio Pedro Malazarte.
Esta é também a riqueza de uma leitura. Partir de uma personagem, de um facto, de um acontecimento, saltar para fora do romance e ir mais longe. Que o Gordo te tenha levado à nossa sopa da pedra é um bom exemplo. Há muitos Malazartes, por esse mundo fora mas nem todos são bem sucedidos. Assim de repente ... lembrei-me de um certo Sócrates...
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PEDRO MALAZARTE EM JUBIABÁ
Pedro Malas-Artes, Malasartes ou Malazarte é figura tradicional dos contos populares da Península Ibérica, sendo daqui levado para o Brasil. A personagem tem como características a astúcia e a falta de escrúpulos, a inesgotável capacidade de forjar expedientes e enganos. A conhecida história da sopa da pedra – a esperteza de conseguir os ingredientes para uma boa sopa a partir de uma simples pedra, falso ingrediente – é originariamente atribuída a esta figura. A sua fama, de resto, remonta ao período das cantigas galaico-portuguesas, estando presente numa delas compilada no Cancioneiro da Vaticana:
Chegou Paio de maas artes
com seu cerome de Chartres
e non leeu el nas partes
que chegasse ha ~uu mês
e do l~ues ao martes
foi comendador d´Ocrés.
Não me peçam para traduzir, mas dá para perceber a ideia: chega a certo lugar na sua condição de zé-ninguém e faz-se passar por «comendador d´Ocrés». Ocrés é a grafia da época para Uclés, vila de Cuenca (Castela) onde ficava a sede da Ordem se Santiago. Avalie-se assim a importância que enganosamente a si se atribuía.
O Gordo, grande contador de histórias, via no homem calvo presente na sessão de macumba de Pai Jubiabá o próprio Pedro Malazarte.
Esta é também a riqueza de uma leitura. Partir de uma personagem, de um facto, de um acontecimento, saltar para fora do romance e ir mais longe. Que o Gordo te tenha levado à nossa sopa da pedra é um bom exemplo. Há muitos Malazartes, por esse mundo fora mas nem todos são bem sucedidos. Assim de repente ... lembrei-me de um certo Sócrates...
Mon Dieu!
«Só sei que nada sei».
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