Referir a Place Vendôme, que não revisitei nesta última Peregrinação, fez-me evocar, não só as especiais circunstâncias da sua génese e desenvolvimento urbano, mas também uma selecção de colunas que me prenderam a atenção, em diferentes lugares e momentos. Uma das mais enigmáticas é a coluna de Constantino em Istambul, mandada erigir por aquele imperador, no ano de 330, em honra da declaração de Bizâncio como a nova capital do Império; a outra é a coluna de Trajano, em Roma, inaugurada em 113, no forum do mesmo imperador e modelo da que Napoleão fez erguer em Paris, na Place Vendôme, entre 1806 e 1810, em comemoração do triunfo sobre os seus pares europeus.
Estas três colunas têm muitas coisas em comum: do ponto de vista material e físico, sendo construídas com materiais nobres, respectivamente, pórfiro vermelho trazido de Roma (hoje irreconhecível), mármore e bronze (a partir dos canhões capturados em Austerlitz?), apresentam alturas idênticas, entre 37-38m e 44m; as bases em que assentam constituem-se como elementos integrantes, estruturais, com alguma singularidade icónica. Mas é quando passamos para os aspectos conotativos que nos apercebemos da sua dimensão, talvez porque aparecem como recorrentes e convidam a uma certa generalização, ou porque insistimos em fazer, por conta própria, o percurso que nos leva à construção dos Símbolos. Estas 3 colunas têm em comum serem obras de arte e referências urbanas erigidas mormente em nome do auto engrandecimento, assinalando, de forma que se pretendia duradoura ou quiçá eterna, o poder, o êxito, a superioridade. Mas, na realidade, podemos reflectir que estas colunas, por mais ricas e mais altas e significativas, todas elas castigadas ao longo dos séculos por diferentes vicissitudes e apropriações, não fazem mais do que repetir o símbolo ancestral, primevo e sempre actual, da potência, da virilidade, portanto da tomada de posse, atravessando a História: dos menires do Megalítico aos arranha-céus da modernidade, passando por todos os exemplos que vos ocorrerem.
Dado porém o surto de erotismo poético que tem feito farfalhar estas páginas, podemos questionar-nos sobre a diversa mas excepcional dimensão, e poder simbólico que as palavras, por sua vez, podem atingir.
(Nota: as fotografias não são minhas e, colhidas na Net, não aparentavam ter direitos autorais, correspondendo à imagem que tenho de cada uma das situações)
Dado porém o surto de erotismo poético que tem feito farfalhar estas páginas, podemos questionar-nos sobre a diversa mas excepcional dimensão, e poder simbólico que as palavras, por sua vez, podem atingir.
(Nota: as fotografias não são minhas e, colhidas na Net, não aparentavam ter direitos autorais, correspondendo à imagem que tenho de cada uma das situações)
1 comentário:
Já não me lembrava da coluna de Constantino. Avivaste-me a memória ...
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