A fotografia,
de 1915, é do Sanatorium Valbella, de Davos, que terá servido de modelo a
Thomas Mann para o Sanatório Berghof d’ A
Montanha Mágica. Esta é a história dum jovem engenheiro alemão, Hans Castorp,
que vem visitar o seu primo ali em tratamento. A estadia era para ser de três
semanas, mas entretanto é o próprio Castorp que se vê acometido por um foco de
tuberculose, sendo aconselhado pelo reputadíssimo Behrens,
médico-chefe do sanatório, a ficar internado sem nenhuma previsão de quando
poderia voltar à vida normal.
Há nos
primeiros capítulos do romance um discurso recorrente sobre o tempo: o tempo físico
e o psicológico, a aparência das suas diferentes velocidades.
Isto faz-me
reflectir sobre o tempo vivido em confinamento. Estranhamente, parece-me que
ele corre depressa, os dias esgotam-se num ápice. Ando por aqui a fazer o que me
é permitido e quando dou por mim é já de noite. Esta é a sensação descrita no
romance para Hans Castorp quando passa da situação de visitante a doente
internado. Não me adentro nos argumentos filosóficos avançados pelo narrador
para tal fenómeno, leiam que depois falamos. Tais argumentos podem surgir como
paradoxais: então não é do senso comum que quanto mais distraídos andamos, mais
o tempo parece correr depressa? E que em situações de monotonia (de confinamento)
vem o tédio e toma conta de nós, fazendo de cada dia um tempo imensamente
longo?
A minha
experiência, como disse, não o indica, mas o melhor é que cada um fale por si.