08 janeiro 2014

"Bastardos do Sol" de Urbano Tavares Rodrigues, 31 de Janeiro às 21h00


Na antecâmara:

"On n'a de droit que sur les choses pour les quelles on a souffert" - Robert de Montesquiou

A abrir:

"A sombra das chamas, como um ninho de víboras, floria de remorso - mas que remorso?- e de saudade absurda a alvura em fuga da parede caiada, apojada de grumos que aquele luzeiro avolumava e que sempre eram, um por um, na hora da solidão, referências aos segredos antigos..."

in "Bastardos do Sol" de Urbano Tavares Rodrigues


13 comentários:

Maria Amélia disse...

Não resisto à tentação: veja-se, como exercício, comparativo ou outro, o início de Portrait of the Artist as a Young Man...

Chapter 1
Once upon a time and a very good time it was there was a moocow coming down along the road and this
moocow that was coming down along the road met a nicens little boy named baby tuckoo
His father told him that story: his father looked at him through a glass: he had a hairy face.
He was baby tuckoo. The moocow came down the road where Betty Byrne lived: she sold lemon platt.
O, the wild rose blossoms On the little green place.
He sang that song. That was his song.
O, the green wothe botheth.
When you wet the bed first it is warm then it gets cold. His mother put on the oilsheet. That had the queer
smell.
His mother had a nicer smell than his father. She played on the piano the sailor's hornpipe for him to dance.
He danced:
Tralala lala, Tralala tralaladdy, Tralala lala, Tralala lala.

Manuel Nunes disse...

Este comentário não era para o "post" de baixo? Ou há motivação no processo ascensional?
Exercícios comparativos e outros (mais os outros que os comparativos)estou sempre a fazer, mas se quiser ser explícita o pessoal agradece.
Como já li bastante, embora não tudo, estou mais entusiasmado com o pregador do capítulo 3 ---
Os quatro fins derradeiros: Morte, Juízo, Inferno, Paraíso.
Ad majorem Dei gloriam!

Maria Amélia disse...

Em 1º lugar, "apojada" não tem nada a ver com "pejada" (como pensei)... vide dicionário on-line. Está, naturalmente, muitíssimo bem utilizada, a palavra, claro. Quanto ao (des)propósito de post acima post abaixo, nada de definitivo, apenas o ensaio de uma deriva. Posso?

Maria Amélia disse...

Ah, e mais outra coisa: pensava eu que este Artista não era tão Ulisses. Puro engano. Uma das últimas feiras da Ladra atirou-me com Gente de Dublin, traduzido, livros do Brasil... Tenho de ir experimentar a textura daquele, já é tempo, depois de passar tantos anos ao largo...
Também espero que a sessão muito conferenciada de Cascais (Comunidade de Leitores??), a decorrer neste momento, traga muitos luzeiros ao apojado entendimento dos leitores presentes...

Custódia C. disse...

Andas a brincar com as palavras Maria Amélia :)

Manuel Nunes disse...

Despojamento, é o que se requere. --- Venho de Cascais, sim, da Caverna de Éolo, e já agora veja-se o que se pode ler em "Retrato do Artista..." lá para o fim do capítulo 4:
"Estava só. Estava esquecido de todos, feliz, rente ao coração selvagem da vida". -- E esta, hein?

Maria Amélia disse...

A Fonte, a Fonte, ei-la, especulando ou não, para Lispector e não só. Veja-se David Linch, no filme Wild at Heart (mesmo título da novela de base), de 1990, para mim (na altura) uma das melhores coisas que ele fez.
Longe estava eu de Joyce ou Lispector, ou, convenhamos, do mundo de conhecimentos-reflexões-associações em que me afundo...mais perto ou mais longe do Coração Selvagem?

Maria Amélia disse...

E ainda: apojar e despojar... encher e esvaziar, a mesma raiz etimológica? (estou numa de especulação, o dicionário não concorda)

Manuel Nunes disse...

Não tanto de etimologias, mas das sempre rebarbativas conjugações verbais, em que devemos apojar "requer" e despojar "requere".
Quanto ao resto, sou pouco menos que ignorante. Tenho demasiados filmes na minha vida para poder lembrar-me desse, ainda por cima de há 20 e tal anos.
By the way (ou não): domingo de manhã, dia 19 - o que é, o que é? Vai seguir notificação.

Paula M. disse...

Por estes ínvios caminhos do Joyce, n/ me aventuro... E o Urbano, ninguém tem nada a dizer, do sistema patriarcal do Alentejo profundo?

Manuel Nunes disse...

Do Urbano tratarei com 2 ou 3 dias de antecedência. Há muita vida por aí, há que vivê-la até lá. :)

Maria Amélia disse...

Ora bem: o Urbano lê-se em poucas horas. Mas... e a digestão? Leio também Os Pregos, que se lhe segue na minha edição. Eis aí um exemplo acabado (ou não) do que o regime permitia: uma espécie de válvula?
Na minha edição, de 1973, por aí, é interessante assinalar a forma como no prefácio se traça o perfil daquela província, o Alentejo, ferida pelo destino, pelas circunstâncias de miséria, sem remédio... Portugal era (ou é?)"assim mesmo".

Custódia C. disse...

Também só vou dedicar-me ao Urbano na última semana de Janêro (leia-se com sotaque alentejano)