30 janeiro 2014

PALÁCIO DA FLOR DA MURTA . A VISITA





Palácio da Flor da Murta, ou Quinta da Terrugem, Paço de Arcos, Oeiras... o que resta de um vasto domínio senhorial, com origem patrimonial no século XVI. Visita cumprida, cumpre agora dela dar parte. 
Primeira desilusão: embora classificado como Imóvel de valor concelhio, o edifício, seus anexos e espaços exteriores vedados, estão alugados pela CMO à empresa SANEST, a qual, facultando o acesso à visita programada, limita-o aos exteriores, não admitindo a entrada no edifício... Como estava a chover, ainda pudemos ver a adega antiga, transformada em sala polivalente. Enfim, os novos senhores em seus domínios!
Pontos importantes da visita: a estrutura porticada da fachada, permitindo ver de perto as colunas de mármore com seus capitéis e o lintel da porta da capela brasonado e datado (1549); o silhar de azulejos, com motivo do século XVI, considerados os mais antigos do concelho (outros azulejos, igualmente valiosos, foram roubados em 1999 da capela…); a estrutura hidráulica de abastecimento ao palácio e espaços verdes, que se mantém, excecionalmente, desde o século XVIII, conforme nos explicou o Fernando Lopes, a partir de condutas enterradas (das quais ainda se vislumbram na paisagem os respiradouros), parte de um sistema regional de abastecimento de água, contemporâneo (e subsidiário?) do Aqueduto das Águas Livres (voltamos, também aqui, ao Magnífico). O que subsiste visível são tanques de rega e os lagos ornamentais, como exemplo da utilização de um recurso natural, em geral desperdiçado.
Quanto à história da Flor da Murta, ela tem muito que se lhe diga, de tal maneira que, entre o documentado e o deduzido, já deu azo a uma bibliografia, Luísa Clara de Portugal, A Flor da Murta, 1702-1779, da autoria de Alice Lázaro, Chiado Editora.

A descrição da propriedade, como era cerca de 1940, tem-na Memórias da Linha, da Branca de Gonta Colaço e Maria Archer. Se estas autoras, que já se queixavam das alterações que a paisagem ia sofrendo, pudessem hoje voltar ali, iam perder a fala!

3 comentários:

Laurindo disse...


Olá Amiga Amélia,

Em teu nome saúdo todos os nossos companheiros que vêm há muito publicando neste blog. O que vocês estão a publicar é obviamente Alta Cultura e espero que tenham um suporte para guardar esta informação para sempre. Para quê comentar a literatura, as artes plásticas façam os leitores a sua leitura e ficaremos todos mais cultivados.

beijos para ti do Companheiro Laurindo.

Custódia C. disse...

"Memórias da Linha" - tenho esse livrinho. Belo registo de usos, costumes e património ...

Maria Amélia disse...

Amigo Laurindo:
Obrigada por ajudares a justificar estes pequenos gestos de comunicação, de onde nada se exclui, nomeadamente tiradas mais eruditas como as tuas--uma nota para o texto da Curva dos Livros, onde muito bem assinalas a aventura da poesia experimental e da relação com as artes plásticas, aventura que os idos de 60 talvez não tenham esgotado...