11 fevereiro 2020

A SIBILA (2)


Capítulo V, lido hoje. Ganha consistência o matriarcado vigente na casa da Vessada. Impera o trabalho das mulheres, mães de facto, como a terra, ou por sublimação do instinto maternal, caso de Joaquina. Na falta de «aproveitadoiro» dos homens, Estina casa-se sem amor, ou por amor à Vessada, para robustecer com a aliança matrimonial a possibilidade de um dia vir a defendê-la da gula dos irmãos: «Casando, ela aumentava as possibilidades de um dia licitar sobre os bens, manter ainda aquele aconchego de campos ligados por carreiros brancos, a vessada com a sua presa, sobre a qual a ramada enfolhava com tons fulvos, reflectindo na água sombras trémulas a assustar as rãs que pinchavam, mergulhando.» Por contraste, as primas de Folgozinho, folgam. E chega-se a 1910, quarenta anos depois do incêndio que arruinou a casa, mandado pôr por uma Prosérpina infernal no desquite de um homem fraco de carne e coração – o pai da família, Francisco Teixeira.  

2 comentários:

Custódia C. disse...

Só comecei hoje a ler, estou a entrar devagarinho neste universo de mulheres fortes e decididas...

Emanuel disse...

Estupendo, Custódia, ainda vais a tempo. A partir do terceiro capítulo, com as referências adquiridas, já a leitura se torna mais fácil. Mas não muito.
Vamos tentando perceber o labirinto, que cada um deite a mão ao seu fio de Ariadne.