Agustina, desenho de Alberto Luís (marido) em 1952
« – Vá a
minha casa um dia destes, de manhã. (…) Preciso muito de si. Sei que é mulher
de bom conselho…». Este o convite feito a Quina por Elisa Aida. Os poderes
divinatórios da lavradeira interessavam-lhe, mas também o seu sentido prático
da vida, tudo aquilo que uma ociosa pode aprender facilmente com uma mulher de
trabalho. Havia uma relação de desigualdade e, como Quina intuiu, se a condessa
a convidava era para se aproveitar dela.
Na verdade,
vieram a estimar-se reciprocamente. Custódio ou Emílio foi criado e mantido por
Quina talvez por um certo instinto maternal irrealizado, mas também por uma
questão de sangue, por ser supostamente neto ilegítimo da fidalga de
Água-Levada.
Amando o seu
filho adoptivo, não lhe deixou em testamento a sua parte na propriedade ancestral, mas
apenas as que adquirira com o seu trabalho e dinheiro. Há aqui uma espécie de
ética da propriedade. Tal ética – presente no amor à terra e na desconfiança
com que olhava os familiares que seguiam outros caminhos de ascensão social (por
exemplo, os irmãos e o tio José) – era já praticada pelo pai, Francisco
Teixeira. Estouvado, mais amigo do ócio do que do negócio, assim provocando a
ruína da casa, não sacrificava voluntariamente os bens para servir os seus
prazeres. Como se lê em determinado passo do Capítulo III a propósito de uma
caseira que lhe quis atribuir um filho, ele a repudiou com crueldade, «pois as
mulheres que, com a alegação dos seus amores, procuravam atingir o património,
tornavam-se-lhe odiosas.»
Sem comentários:
Enviar um comentário