Manhufe –
freguesia de Mancelos, Amarante –, não fica longe de Vila Meã, terra de Agustina,
de cuja sensibilidade rural se aproveitou para a sua narrativa.
Numa expressão
artística próxima do cubismo, Amadeo dá-nos uma cozinha da região de Entre
Douro e Minho, aliás a cozinha da casa de família, com essas “coisas prosaicas”
que são os móveis e utensílios. Não vejo nenhum banco corrido como aquele em
que Quina guardava o feijão e as estrigas, mas tudo o que lá está estimula a
nossa imaginação.
Há uma
diferença a considerar: esta é a cozinha de uma casa já estabelecida na sua
prosperidade; a de Quina, talvez igual à da família de Agustina, ainda se
procura firmar, e sempre sem dar muito nas vistas – a grande arte de não
despertar invejas e conseguir ir mais longe.
Para fechar,
outra obra de Amadeo do mesmo período: Casa
de Manhufe, a própria.
2 comentários:
A propósito de banco corrido, na realidade uma caixa com a altura de um banco, em que o assento é a tampa que abre no sentido das costas do banco, lembro-me do que existia nas igrejas saloias (pelo menos) que servia para guardar as velas compridas das promessas. Em S. Domingos de Rana, lá está um desses. Muito funcional. Imagino o mesmo, mas com divisórias no interior. Nas recolhas etnográficas de Rio de Onor ou Vilarinho da Furna, de Jorge Dias e Fernando Galhano (desenhos), não me recordo de ver nada do género.
Aliás, rectifico, o livro não fala de "banco corrido", mas de "comprido banco", o que vai dar ao mesmo, acho eu. Fico sempre com a ideia banal de que um banco não tem encosto nem braços, mas é claro que pode ter. Não percebo nada de mobiliário, já se vê...
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