19 fevereiro 2020

A SIBILA (8)


Já aqui escrevi sobre Elisa Aida Fattoni, condessa de Monteros, dizendo que entre ela e Quina havia uma estima recíproca.
Ontem à noite, relendo o Capítulo VII, atentei neste bocado de texto: «Entendiam-se bem, sem mutuamente se estimarem; partilhavam segredos, detestando-se, como se eles tivessem sido arrancados por violência ou por traição. Contudo, seriam capazes da mais inteira admiração uma pela outra, experimentando até uma coragem quase insolente, uma afeição viva e resgatadora, que estavam muito próximas do ódio.»
Extraordinária arte de dizer uma coisa e o seu contrário, ou não isso, antes os infinitos desdobramentos psicológicos das personagens aqui levados a uma dimensão superior de análise e compreensão. 
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~~~~~~~~~~~~~~~ já agora, digam as leitoras qualquer coisinha. acho que devem estar cheias de ideias. até rima...

4 comentários:

Custódia C. disse...

Diz-se que o amor e o ódio andam sempre ao lado um do outro. Eu digo que se cruzam muitas vezes...

Bia disse...

Digo, digo qualquer coisa…
É engraçado, ainda há pouco comentei precisamente sobe a complexidade psicológica das personagens que, para mim, é comparável, à complexa maneira de escrever de Agustina. Não deixo de pensar numa determinada época e no meio envolvente, onde não se deixam exteriorizar sentimentos, duvidando até se eles existem. Tem-me sido difícil acompanhar estes labirintos.

Emanuel disse...

Amor e ódio, assim ao lado um do outro, é matéria que não domino. Como diz um amigo, não arrisco... Complexidade de Agustina, é verdade, mas admito que não seja do gosto de todos os leitores. Eu gostei do romance, como dos outros que li: Os Meninos de Ouro, Fanny Owen, A Ronda da Noite...

Maria Amélia disse...

Para dar um ar da minha...presença, pois não é sinal indiscutível de falta de atenção a tanta pesquisa e saber aqui expostos, caro Emanuel, o facto de prevalecer o "sem comentários"; para marcar presença, direi que, para mim, não se trata de oposição, dicotomia, contradição, o que queiram. Sentimentos há-os sempre, sobretudo nas pessoas reais, mas no "romance", com um jogo mais ou menos complexo (e a Agustina é mestre!), quanto a mim, é sobretudo com os sentimentos que o escritor tece a trama a que a narrativa dá corpo. Se concordo com alguma dificuldade que podemos encontrar nesta leitura (e noutras, dela também, ainda mais), o que me acontece é que a uma certa estranheza se sucede uma quase identificação, precisamente no que toca aos sentimentos...reais.