Afinal, já terminei a leitura de Bastardos do Sol. Direi que se me impôs de
imediato uma relação com o conto "A Paga", de
Miguel Torga, lido por nós para a sessão inaugural da Comunidade de Leitores de
Miranda do Corvo. Lembram-se?
E no dia seguinte, de manhã, o Arlindo entrou em Vale de Mendiz numa manta,
capado. ("A Paga", Contos da Montanha)
Fora então que lhe metera as mãos e a navalha pelo baixo-ventre e numa
volta – zás – como fazia aos cevados, lhe cortara e torcera os testículos.
(Bastardos do Sol)
A mesma história, ou talvez não: um
sedutor, uma seduzida e um ou mais justiceiros. A honra é uma coisa muito
bonita, tanto nas montanhas do norte como nas planícies meridionais.
Se há quem diga que o escritor
escreve sempre o mesmo livro, parece que os mesmos temas estão sempre a
repetir-se nos livros dos grandes escritores. Mas se calhar nada disto é como
diz o escrevente. Ora que fique calado e guarde as suas contas coloridas para o colar da
sessão.
2 comentários:
Remeto para o romance «Barranco de Cegos» de Alves Redol. Há uma «problemática» semelhante.
Esta "problemática" é no mínimo arrepiante :)
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