22 janeiro 2014

URBANO E TORGA


 
Afinal, já terminei a leitura de Bastardos do Sol. Direi que se me impôs de imediato uma relação com o conto "A Paga", de Miguel Torga, lido por nós para a sessão inaugural da Comunidade de Leitores de Miranda do Corvo. Lembram-se?
E no dia seguinte, de manhã, o Arlindo entrou em Vale de Mendiz numa manta, capado. ("A Paga", Contos da Montanha)
Fora então que lhe metera as mãos e a navalha pelo baixo-ventre e numa volta – zás – como fazia aos cevados, lhe cortara e torcera os testículos. (Bastardos do Sol)
A mesma história, ou talvez não: um sedutor, uma seduzida e um ou mais justiceiros. A honra é uma coisa muito bonita, tanto nas montanhas do norte como nas planícies meridionais.
Se há quem diga que o escritor escreve sempre o mesmo livro, parece que os mesmos temas estão sempre a repetir-se nos livros dos grandes escritores. Mas se calhar nada disto é como diz o escrevente. Ora que fique calado e guarde as suas contas coloridas para o colar da sessão.
 
 


2 comentários:

Paula M. disse...

Remeto para o romance «Barranco de Cegos» de Alves Redol. Há uma «problemática» semelhante.

Custódia C. disse...

Esta "problemática" é no mínimo arrepiante :)